"É urgente um provedor da criança": Álvaro Carvalho

Álvaro Carvalho, em entrevista ao Jornal Destak, 1/Junho/2009, à margem do Congresso Internacional «Cuidar a Criança – Inovação e Desafios» que acontece, hoje e amanhã, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa. O psiquiatra Álvaro Carvalho fala ao Destak do que vai estar em discussão.

O modelo do Provedor já existe em muitos outros países, nos nórdicos, mas também em locais tão próximos como a Catalunha, cujo Provedor vem a Lisboa partilhar connosco a sua experiência. E vamos trocar impressões sobre qual seria o modelo possível em Portugal.

Não se corre o risco de ser mais um cargo, cujo detentor é escolhido pelo governo do momento, sem poder, nem espaço de manobra?

O modelo concreto tem que ser discutido, mas decididamente não pode ser um lugar político. Tem de ser desempenhado por alguém escolhido entre a sociedade civil, e que tenha dado provas da sua capacidade de defender os interesses da criança. Não bastam cursos, nem mestrados, é precisa uma sensibilidade e uma experiência muito particular. Tem que ser a voz que as crianças não têm, uma voz reconhecida e independente.

Já ouvi o argumento de que o Provedor de Justiça deve ser essa voz, já que lhe compete defender os portugueses mais frágeis, e de todas as faixas etárias..

Tem sido um dos argumentos, mas quando o Governo acaba de nomear um Provedor da Crise, julgo que nada justifica que não possa existir um Provedor da Criança.